Fala Comitê
Comitê de Neuropsicologia
Flexibilidade cognitiva e pandemia: como nossa cognição pode nos auxiliar?
Segundo o neurocientista Facundo Manes “todas as pandemias, ao longo da História, levaram a grandes alterações sociais”. Não estávamos preparados para vivenciar uma pandemia (e quem se prepara pra isso?) e hoje enfrentamos mudanças forçadas que deixarão marcas em nossas vidas. Uma das palavras de ordem do momento é: resiliência. E no longo prazo esta crise pode nos ajudar a descobrir nossa melhor versão de nós mesmos.
O nosso cérebro tem diversas ferramentas para nos ajudar a lidar com este tipo de situação de estresse extremo, e uma delas é a resiliência. Ela nos permite superar e nos adaptarmos a situações adversas. Nessas crises utilizamos sistemas cerebrais de regulação emocional e habituação. A habituação consiste na acomodação ao entorno para evitar respostas ociosas, como por exemplo, quando entramos numa piscina muito fria e, aos poucos, vamos nos acostumando a essa temperatura.
Além disso, temos visto mudanças no pensamento, no comportamento e até nas nossas relações. Estamos tendo adaptações, ajustes e decisões mais realistas. A aceitação das circunstâncias e a flexibilidade cognitiva são características que nos tornam mais resilientes.
Desaprender e reaprender nunca foram habilidades tão verdadeiras e necessárias como agora, em meio à essa pandemia. Mas sendo mais flexíveis, conseguimos ser mais criativos e adaptáveis também, recursos necessários para tomar decisões e resolver problemas de forma mais eficaz. Flexibilidade cognitiva é manter a mente aberta para o novo, e aprender e reaprender com essas mudanças. Desenvolver maior flexibilidade cognitiva gera uma maior atividade em uma região do nosso cérebro, o córtex pré-frontal – e isto está diretamente associado a menos sintomas de depressão e ansiedade, promovendo maior saúde mental. Todos já mudamos, estamos mudando ainda mais aceleradamente agora, e vamos continuar mudando, ainda bem.
Katiúscia Gomes Nunes
Coordenadora do Comitê de Neuropsicologia
Encontros: Quartas-feiras, das 10h às 11h30.
