A escuta em modos de escrita

Como transformamos a escuta em escrita? Não há método e nem fórmulas. As narrativas clínicas são sempre versões alegóricas de realidades que nos foram confiadas pela associação livre.

Para contar a história do analisando, é preciso, dentre outras coisas, remover as trincheiras emocionais que barram o passado do presente para ver aflorar num golpe o que restou das sessões. O que emergirá são vagas sensações ordenadas em um tempo que incubou experiências angustiosas, obsessões devorantes e tesouros multiformes. Tais reminiscências crepusculares podem ser o sonho da escuta que diz e desdiz o que não deveríamos ter deixado escapar. Essa iminência de uma revelação que não se produz talvez seja a dinâmica do próprio inconsciente.