Minha Vida em Cor-de-Rosa

O filme Ma Vie en Rose, na tradução Minha Vida em Cor-de-Rosa, é uma produção europeia lançada em 1997. A trama decorre em um bairro de classe média para o qual a família da protagonista, Ludovic, recentemente adquiriu moradia. Ela, uma criança de 7 anos, logo chama a atenção dos vizinhos por utilizar vestes tipicamente atribuídas ao gênero feminino e ter nascido com o sexo biológico masculino tudo isso logo na festa de boas-vindas da família.

O retrato trazido no filme nos auxilia a refletir sobre questões de gênero em um sentido inato mostrando não se tratar de uma opção e sim de uma característica de Ludovic. Tal fato é evidenciado em suas afirmações de que um dia se transformará em uma menina e questionamentos de quando isso irá acontecer. É possível observar também as diversas pressões, em forma de violência, que Ludovic sofre para que se enquadre em um padrão cis-heteronormativo havendo tentativas constante de “masculiniza-lo” e “normalizá-lo”. Estas que embora superficialmente funcionem, só reprimem cada vez mais seu eu o que o deixa cada vez mais amargurado e confuso.

Nesse contexto, o longa-metragem propõe uma reflexão sobre a formação da sexualidade e da identidade de gênero. Indo além de produções que simplesmente reproduzem papéis e estruturas normativas que reforçam relações de poder e a matriz heteronormativa. Tal experiência pode gerar sentimentos mistos de melancolia e raiva ao nos depararmos uma pessoa inocente sofrendo violência física e psicológica de todos os lados sem saber o porquê.