A violência contra as mulheres na representação de profissionais da saúde

Autores

  • Kalline Flávia Silva de Lira Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
  • Ricardo Vieiralves de Castro Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

DOI:

https://doi.org/10.29327/217869.9.3-7

Resumo

Trata-se de um estudo descritivo, exploratório de abordagem qualitativa que objetivou conhecer a representação social da violência contra as mulheres sob a ótica de profissionais da área da saúde.  Tem como local de estudo três municípios do sertão pernambucano e como participantes profissionais de diferentes serviços, como hospital, equipes de saúde da família e centros de atenção psicossocial. Os dados foram coletados através de entrevista semiestruturada e analisados através do software Iramuteq, a partir da classificação hierárquica descendente. Evidenciou-se que há uma lógica machista ainda presente na sociedade, que pode ser percebida em concepções como a atenuação da responsabilidade do agressor, e consequentemente a culpa da mulher pela violência, por não cumprir com seus deveres de esposa e de mãe. Pode-se perceber que os/as profissionais tem dificuldade em reconhecer as situações de violência, bem como há um desconhecimento da rede e das legislações pertinentes ao tema. Conclui-se que a rede de saúde precisa firmar o compromisso de ser parte da rede de enfrentamento da violência, garantindo a autonomia e a efetividade dos direitos das mulheres.

Biografia do Autor

  • Kalline Flávia Silva de Lira, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
    Psicóloga. Mestra em Direitos Humanos (UFPE). Doutoranda em Psicologia Social (UERJ)
  • Ricardo Vieiralves de Castro, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
    Professor Associado do Instituto de Psicologia e da Pós-graduação em Psicologia Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Coordenador do Laboratório de Estudos Contemporâneos da UERJ - LABORE.

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2020-11-09

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Artigos